Pesquisar este blog

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ipea analisa dados sobre educação no Brasil

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quinta-feira, 18 de novembro, o estudo Pnad 2009 – Primeiras Análises: Situação da Educação Brasileira - Avanços e Problemas. Os principais destaques foram para o alto índice de jovens fora do ensino superior, a carência de creches para crianças até 3 anos e o hiato educacional existente no país, ou seja, a quantidade de anos de estudo que faltam para que os brasileiros cheguem ao mínimo definido na Constituição.
Segundo o documento, em 2009, apenas 14,4% da população de 18 a 24 anos (faixa etária esperada para o ingresso na educação superior) estavam matriculados em alguma instituição de ensino superior. O estudo sugere que o fato se deve “aos entraves observados no fluxo escolar do ensino fundamental e médio, que têm elevada taxa de evasão e baixa taxa média esperada de conclusão”.
Isso significa que o estudante termina o ensino médio após a idade esperada (17 anos) e ingressa na universidade com atraso. Considerando a taxa de frequência bruta, 30,3% dos jovens de 18 a 24 anos estavam estudando em 2009.
O documento mostra ainda que o acesso é diferente em cada região. Enquanto no Sul, 19,2% dos jovens na faixa etária analisada frequentavam o ensino superior em 2009, no Nordeste o índice era inferior a 10%. Entre os jovens de 18 a 24 anos da zona rural, apenas 4,3% tinham acesso a cursos superiores, contra 18,2% da população que vive na cidade. Também há desigualdade no acesso entre negros (8,3%) e brancos (21,3%).
Os problemas não são exclusividades dos mais velhos. A pesquisa também relatou que o acesso de crianças à creche no Brasil continua baixo. Em 2009, apenas 18,4% da população até três anos de idade estavam na escola.
O percentual é considerado baixo quando comparado com o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2000, que previa que essa taxa chegasse a 30% em 2006. O crescimento entre 1995 e 2009 foi de 0,81 ponto percentual ao ano – era de 7,6% e chegou a 18,4%.
O acesso também varia de acordo com a cor da criança, o local onde ela vive e a renda da família, diz o documento. O número de crianças ricas matriculadas em creches é três vezes maior do que o verificado entre as mais pobres. Entre os 20% com menor renda, apenas 11,8% das crianças até três anos estavam na escola em 2009.
Essa taxa supera os 34% entre os 20% com maior renda. Na zona urbana, o acesso à creche é o triplo do verificado na rural – 24,1% contra 8,2%. Também há desigualdade entre negros e brancos, embora em grau menor – a diferença em 2009 era de 3,3 pontos percentuais entre os dois grupos.
O estudo destaca que o acesso à educação das crianças de quatro a seis anos é bem maior, já que 81,3% da população nessa faixa etária frequentavam a escola em 2009. Em 1992, apenas 54,1% tinham acesso ao ensino - um crescimento de 1,7 ponto percentual ao ano até 2009.
Outra questão levantada pela pesquisa foi o tempo necessário para que a população brasileira atinja a escolaridade mínima prevista originalmente na Constituição Federal, que é o ensino fundamental completo ou oito anos de estudo. De acordo com o comunicado serão necessários mais cinco anos para que o país atinja a meta.
Em 2009, a média de anos de estudo da população com mais de 15 anos de idade foi de 7,5. Entre 1992 e 2009, a ampliação anual foi de 0,14 ano de estudo. O crescimento, entretanto, se deu de forma desigual nas diferentes regiões do país. Enquanto no Sudeste a média de anos de estudo já é maior do que o previsto na Constituição Federal, no Nordeste ainda é de 6,3. “O diferencial entre essas regiões vem se mantendo desde o início da série [histórica estudada] em cerca de 2 anos”, aponta o estudo.
Novamente a diferença entre pobre e ricos, negros e brancos e moradores de zonas rurais e urbanas influencia no resultado final. O estudo destaca que os negros têm, em média, 1,7 ano de estudo a menos do que os brancos. A população urbana tem 3,9 anos de estudo a mais do que a rural. Na comparação de renda, os 20% mais pobres têm, em média, 5,5 anos de estudo, enquanto os 20% mais ricos estudaram 10,7 anos.
O Ipea analisou que o hiato educacional diminui a cada ano, mas evolui de forma distinta em cada faixa etária. Quanto mais alta é a idade, menor é a queda do hiato. Em 2009, o hiato na população com mais de 15 anos era de cerca de 4,8 anos, enquanto entre os brasileiros com mais de 30 era de 5,1 e no grupo de 15 a 17 anos era de 2,8.

Comunicado 66
Em seu 5ª edição, o comunicado traz uma análise da evolução da educação no período de 1992 a 2009 e traça um quadro detalhado da atual situação de escolarização no país, utilizando grande parte dos indicadores da área.
Os indicadores foram analisados com ênfase na situação educacional brasileira, segundo recortes de renda, localização (urbano/rural), região, cor ou raça e sexo, e utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE).
www.ecodesenvolvimento.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário